Obesidade

Não vires as costas à obesidade!

O grau de obesidade é avaliado em termos de Índice de Massa Corporal (IMC). Este índice medido em kg/m2 foi encontrado através de estudos de densitometria corporal, como o indicador mais preciso do grau de “gordura” para todas as alturas. Segundo a classificação do Instituto Nacional de Saúde Americano é recomendado que o IMC fosse usado para classificar a obesidade e estimar o risco relativo de doença comparado com as pessoas com peso normal.

IMC = Peso (kg) / Altura (m)2 = kg/m2 Tem várias graduações:

18 < IMC < 25 kg/m2 Normal

25 < IMC < 30 kg/m2 Excesso de peso

30 < IMC < 35 kg/m2 Obesidade moderada (grau I)

35 < IMC < 40 kg/m2 Obesidade grave (grau II)

IMC > 40 kg/m2 Obesidade mórbida (grau III)

A obesidade é um problema de saúde grave pois está associada a doenças debilitantes, progressivas e com um risco relativo de aumento de mortalidade em relação à população normal quando o Índice de Massa Corporal é igual ou superior a 30 kg/m2 . A obesidade acarreta múltiplos problemas de saúde e bem estar geral.

A obesidade em Portugal tem aumentado nas últimas duas décadas. Mais de 40% da população adulta tem excesso de peso ou é obeso. A obesidade em crianças e adolescentes também tem vindo a aumentar, com repercussões graves na sua saúde. Pensa-se que em Portugal entre 100.000 a 300.000 pessoas padeçam de obesidade mórbida, com um aumento considerável do risco de doenças graves e possibilidade de uma expectativa de vida muito mais curta.

Esta obesidade chama-se mórbida porque é uma doença progressiva, grave, debilitante, assumindo em alguns casos proporções de doença maligna (obesidade maligna). As consequências sociais, psicológicas e económicas da obesidade mórbida são devastadoras.

Desafortunadamente o tratamento conservador da obesidade mórbida não é eficaz a longo prazo. Mais de 95% dos doentes recuperam em poucos anos o peso perdido após o tratamento conservador.

A intervenção cirúrgica é a solução mais eficaz como tratamento para a obesidade (cirurgia bariátrica).

O tratamento médico para a obesidade clinicamente severa (mórbida), inclui combinações várias de dietas de baixas calorias, modificação comportamental, exercício fisico e agentes farmacológicos. O maior problema deste tipo de abordagem é a sua incapacidade em manter um peso corporal reduzido na maior parte dos doentes obesos, havendo uma alta incidência da ineficácia em suster no tempo uma perda de 10% de peso com este tipo de tratamento.

Devido aos riscos graves relacionados com este grau de obesidade, o relativo baixo risco do tratamento cirúrgico e a ineficácia das intervenções médicas ou dietéticas, bem como a gravidade que podem trazer as variações de peso como resultado de tratamentos conservadores ineficientes (efeito yo-yo), a cirurgia bariátrica tem vindo a afirmar-se neste universo, devido aos bons resultados não só na diminuição do peso conseguida e mantida, mas também com a melhoria das doenças que a acompanham.

Antes de se pensar em cirurgia para a obesidade o doente deverá pesar, pelo menos, 45 kg acima do seu peso ideal (IMC superior ou igual a 40 Kg/ m2 ), a partir desse momento a cirurgia deverá ser considerada como tratamento de uma doença debilitante e não estético.

No entanto, a cirurgia poderá ser considerada noutras situações de menor peso se for determinado que do ponto de vista médico existem razões suficientes para a redução de peso e a cirurgia a única forma de a obter.

A perda de peso com a cirurgia não é igual para todos os doentes da mesma forma, ela varia de acordo com vários factores: idade, peso inicial, capacidade para fazer exercício, ingestão de doces, tipo de cirurgia efectuada, etc. Em média os doentes perdem entre 30 % a 40% do peso inicial entre os 12 e 18 meses. No entanto nos mais pesados, a perda de peso tende a ser mais prolongada no tempo.

Embora haja algumas excepções, antes de ser indicada a cirurgia o doente deverá:

Ter realizado várias tentativas de redução de peso devidamente orientadas pelo médico, sem sucesso;

Ausência de patologias severas que condicionem o acto cirúrgico;

Possuir um Índice de Massa Corporal superior a 40 kg/m2;

Possuir um Índice de Massa Corporal entre os 35 e 40 kg/m2, se já tiver patologias associadas dependentes da sua obesidade.

Algumas patologias do foro psiquiátrico podem ser uma contraindicação para a cirurgia se não estiverem devidamente controladas ou não se obtenha concordância 5 6 do médico psiquiatra que o acompanha.

Para se entender como a intervenção cirúrgica ajuda a perder peso é importante ter a noção de como funciona o aparelho digestivo. Assim, os alimentos após mastigação são ingeridos através do esófago que não é mais do que um tubo muscular longo dando entrada no estômago. O estômago que normalmente poderá conter quantidades superiores a 1500 mls de alimentos , mistura-os com o ácido clorídrico e tritura o bolo alimentar fazendo passar para o intestino delgado (duodeno), onde se dá a mistura com os restantes sucos hepáticos e pancreáticos , onde se continua a digestão e se produz a absorção da maior parte dos nutrientes. O intestino delgado que mede normalmente entre 4.5 e 6 metros é o grande responsável pela absorção.

Como se disse anteriormente, os alimentos passam para o duodeno, misturando-se com a bile e o suco pancreático , esta área do intestino é também um grande responsável pela absorção de ferro e cálcio. O segmento mais distal do intestino delgado também chamado de ileon , desempenha um papel importante na absorção de nutrientes e em particular das vitaminas solúveis em gordura ( A, D, E e K). Quando o conteúdo do ileon entra no cólon, a sua consistência que até aqui era liquida passa a ser sólida, devido à absorção de água que se realiza no cólon.

O princípio fundamental da cirurgia da obesidade é alterar a relação de ingestão/absorção-consumo de energia que na obesidade é favorável ao primeiro conjunto, provocando assim uma acumulação energia aumentando o peso. Portanto, a redução da ingestão de alimentos ou da sua absorção e o aumento de actividade física causarão a perda de peso por alteração desta dinâmica.

A cirurgia pode controlar o peso alterando o balanço energético de duas maneiras:

1. Diminuir quantidade de alimentos que se ingere (restrição);

2. Fazer com que parte dos alimentos não sejam digeridos e completamente absorvidos (mal absorção), sendo eliminados pelas fezes;

3. Diminuir à quantidade de alimentos ingeridos e fazer com que parte destes sejam mal digeridos e completamente absorvidos (mistas – restrição/ mal absorção) O aparecimento destes processos para tentar controlar o peso não foi obra do acaso, mas sim de observações realizadas pelos cirurgiões de operações feitas para tratamento de outros tipos de doenças, como o cancro e outras, nas quais havia necessidade de se remover parte do estômago ou intestino delgado. A quase impossibilidade de se manter o peso e/ ou mesmo aumentá-lo com este tipo de procedimentos cirúrgicos levou a pensar que com algumas modificações se poderiam aplicar estas cirurgias à perda de peso na obesidade mórbida.

É muito importante termos uma ideia de como funcionam estas cirurgias, porque muito se alterou nos últimos anos. Durante os últimos anos aprendemos que para controlar o peso com uma cirurgia que somente restrinja a ingestão alimentar, há necessidade de criar um reservatório na parte superior do estômago, com uma capacidade inicial pequena, que varie entre 15 e 25 mls, e que se ligue ao restante estômago através de um estoma, promovendo assim uma menor ingestão de alimentos.

Este estoma que normalmente é estreito, poderá ser de tamanho variável nas bandas gástricas ajustáveis ou ser mesmo reforçado com material protésico para evitar a sua expansão nas outras cirurgias. Portanto, o pequeno reservatório e a saída estreita produzem uma rápida sensação de saciedade que, nos doentes que cooperam e são cumpridores, induz uma modificação de comportamento diminuindo por conseguinte a ingestão calórica e induzindo à perda de peso.

Neste tipo de cirurgia existe um compromisso muito grande do doente com o médico e a cirurgia, existem duas regras que são fundamentais cumprir:

Mastigar tudo muito bem;

Engolir os alimentos muito devagar.

Porque se assim não for, o doente pode ter dor, refluxo alimentar ou vómitos podendo aumentar o tamanho do reservatório (dilatação), a saída ou ambos, perdendo-se o propósito da cirurgia. Devem sempre ser evitados o consumo de líquidos com um alto teor de calorias e a ingestão de alimentos fora de horas (snacks). A falta de cumprimento destes preceitos é uma das razões mais frequentemente verificadas para o fracasso. Este tipo de cirurgias, simples e de menor risco, nem sempre produzem a perda de peso esperado pelos cirurgiões e doentes.

Por isto se começaram a utilizar as técnicas de malabsorção, algumas das quais incluem o bypass de grandes segmentos do intestino delgado. A grande desvantagem é que os riscos, complicações e os efeitos secundários aumentam com o alargamento do bypass intestinal. Juntamente com o seu cirurgião, deverá avaliar completamente os riscos e os benefícios de cada operação. No entanto, tenha sempre presente que quanto mais complexa for a intervenção cirúrgica para o ajudar na perda de peso, mais sérios serão também os riscos e efeitos secundários.

Pergunte ao seu médico, inteire-se completamente do que lhe poderá acontecer com qualquer um dos processos cirúrgicos, contacte com outros doentes e só depois de estar certo da cirurgia que vai realizar avance para a cirurgia. Tenha sempre presente que a cirurgia não cura a obesidade e que somente os doentes bem informados e dispostos a alterar a sua vida fazem com que estas operações sejam um êxito.

São muitas as fontes disponíveis no mercado para o ajudar a eleger uma técnica cirúrgica, inclusive a Internet, mas nunca se esqueça de se esclarecer devidamente com o seu médico, pois só ele o poderá pôr a par de todas as alterações que vai sofrer e só ele conseguir eleger qual o melhor método cirúrgico para o ajudar a emagrecer.

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