O que é a Cirurgia Bariátrica?
A cirurgia bariátrica é um procedimento cirúrgico realizado em pessoas com obesidade grave ou mórbida. O objetivo principal dessa cirurgia é reduzir o tamanho do estômago e alterar o processo digestivo, o que resulta numa diminuição significativa na ingestão de alimentos e na absorção de calorias pelo corpo. As técnicas mais eficazes e populares, utilizadas na cirurgia bariátrica nos dias de hoje, são: o Bypass Gástrico e o Sleeve Gástrico.

Quem pode fazer esta cirurgia?
A decisão de realizar uma cirurgia bariátrica deve ser cuidadosamente avaliada por uma equipa médica multidisciplinar, tendo em conta não apenas o peso, mas também o estado geral de saúde e o historial clínico do paciente.
1. Requisitos de Peso / IMC
O critério tradicional para a cirurgia da obesidade é um IMC igual ou superior a 40 kg/m². Tanto o critério tradicional de obesidade mórbida, quanto os IMCs entre 35 e 40, quando associados a doenças relacionadas, são considerados indicações para a cirurgia.
No entanto, como a obesidade é uma doença debilitante e o procedimento não se trata de uma cirurgia estética, as autoridades internacionais (IFSO e AMSBM) redefiniram, em 2022, limiares mais baixos para a cirurgia, com benefícios cientificamente comprovados a partir de IMCs de 30 (ou 28 na população asiática) em casos com comorbidades associadas.
No entanto, a cirurgia poderá ser considerada em situações de menor peso, caso seja determinado que, do ponto de vista médico, existem razões específicas ou uma doença metabólica grave associada, como a diabetes tipo 2 de difícil controlo, mesmo em indivíduos com peso normal.
2. Tentativas prévias de redução de peso sem sucesso
A cirurgia bariátrica pode ser indicada para pacientes que tenham tentado diversas abordagens para perder peso, devidamente orientadas por um médico, sem sucesso.
3. Ausência de certas patologias
- Ausência de patologias severas que possam condicionar o ato cirúrgico;
- Algumas patologias do foro psiquiátrico podem ser uma contraindicação para a cirurgia, caso não estejam devidamente controladas ou se não haja concordância do médico psiquiatra que acompanha o paciente.
Como é feita?
A cirurgia bariátrica e metabólica é realizada por métodos minimamente invasivos, através de pequenas incisões abdominais, utilizando pinças longas e visão monitorizada por uma câmara introduzida no abdómen. Para criar este espaço de trabalho, a barriga do paciente é insuflada com dióxido de carbono, um gás inerte, que é removido tanto quanto possível no final da cirurgia. Esta abordagem Laparoscópica permite uma recuperação rápida, com retorno quase imediato às atividades da vida diária, no dia pós-operatório, com ligeiras ressalvas.
Atualmente, as técnicas de cirurgia bariátrica mais utilizadas / indicadas são o Bypass Gástrico e o Sleeve Gástrico.
1. Bypass Gástrico
O Bypass Gástrico é um procedimento de cirurgia bariátrica, cada vez mais utilizado como solução para a perda de peso em pacientes com obesidade. Ao alterar o sistema digestivo, este procedimento induz mudanças hipoabsortivas, reduzindo a absorção de iões e nutrientes, permitindo um excelente controlo do apetite.
Ao realizar um Bypass Gástrico, o estômago é dividido para formar um reservatório menor. Após essa divisão do estômago, o intestino delgado é também cortado e estabelece-se uma nova ligação entre a pequena bolsa gástrica criada e o intestino.
O objetivo principal do Bypass Gástrico é limitar a quantidade de alimentos que o paciente consegue ingerir e reduzir a absorção de calorias. Como resultado da cirurgia, o paciente geralmente apresenta uma perda significativa de peso
Saiba mais na página Bypass Gástrico.
Bypass Gástrico em Y de Roux
A cirurgia da obesidade através do Bypass Gástrico em Y de Roux é o protótipo de um mecanismo de restrição combinado com hipoabsorção. É uma das operações mais realizadas no mundo. O estômago é dividido com suturas mecânicas, formando um reservatório pequeno, aproximadamente 15 mL, do tamanho das cirurgias restritivas.

Após essa divisão completa do estômago, o intestino delgado é também cortado para ligar o reservatório gástrico ao intestino. A outra parte seccionada do intestino é reconectada ao intestino, formando assim uma ansa em “Y”, que inicia a absorção da grande maioria dos alimentos, especialmente os mais calóricos, somente após essa união (ansa comum).
Dessa forma, ultrapassa-se uma grande área de trituração e absorção dos alimentos (estômago, duodeno e parte do intestino delgado). Esta hipoabsorção pode ser maior ou menor, dependendo do tamanho das ansas intestinais que ficam antes da união das duas ansas. No entanto, pretende-se evitar a malabsorção, de forma a minimizar o risco de efeitos secundários graves.
Em casos específicos, quando há doença estabelecida ou suspeita em parte do estômago excluído, procede-se à remoção do restante estômago que ficaria ‘abandonado’ no Bypass Gástrico. A restante cirurgia é semelhante, sendo a única diferença o fato de não se manter o reservatório gástrico, uma vez que este é removido do organismo. Este procedimento tem o nome de “Bypass Gástrico com Ressecção do Remanescente Gástrico”.
2. Sleeve Gástrico (ou Gastrectomia Vertical)
O Sleeve Gástrico é um tipo de cirurgia bariátrica que consiste na remoção de parte do estômago, deixando-o com o formato de tubo, manga ou mangueira. Durante a operação, é removida a parte esquerda do estômago, o que reduz a sua capacidade de armazenar alimentos e, consequentemente, contribui para o emagrecimento. Esta técnica permite reduzir o tamanho do reservatório gástrico para um valor entre 60 e 100 mL.
Saiba mais na página Sleeve Gástrico.

Cicatriz da Cirurgia Bariátrica
O acesso à cavidade abdominal para a realização da cirurgia é feito de forma minimamente invasiva, isto é, são realizados pequenos cortes, com cerca de 1 cm, na barriga, que permitem a criação dos canais de trabalho para que a vídeo-cirurgia seja realizada de forma segura. A cicatrização é sempre um processo muito individual, contudo, dado o baixo grau de agressão cirúrgica, o resultado estético é habitualmente muito satisfatório.

Pós-operatório e recuperação da Cirurgia Bariátrica
A cirurgia é um passo importante, mas apenas uma etapa de um complexo processo que envolve múltiplas fases.
O período pós-cirúrgico é, habitualmente, bem tolerado pelos pacientes, mas envolve alterações drásticas no padrão alimentar. O seguimento estrito de um plano nutricional é fundamental, assim como o cumprimento da medicação prescrita. Apenas assim conseguimos otimizar essa etapa. Embora o paciente siga o plano alimentar nas formulações e quantidades indicadas pela Nutrição, por vezes surgem vómitos, que, caso não sejam excessivamente frequentes, são considerados normais devido à alteração da anatomia e do processo de digestão provocados pela cirurgia.
No que diz respeito às queixas álgicas pós-cirúrgicas, o uso de analgésicos comuns é, normalmente, suficiente. Por se tratar de uma cirurgia minimamente invasiva, o paciente tem alta hospitalar no mesmo dia ou em 1 a 2 dias após o procedimento, estando apto a realizar as atividades diárias, sem restrições. Apenas é aconselhável evitar esforços abdominais intensos para prevenir o aparecimento de eventuais hérnias incisionais.
O cumprimento do plano terapêutico, além do controlo da dor com medicação, é fundamental na prevenção de eventos tromboembólicos pós-cirúrgicos. Devido à obesidade basal do paciente e à cirurgia abdominal, é comum que os doentes atendam aos critérios para realizar profilaxia química, com o uso de heparina de baixo peso molecular, durante algumas semanas após a cirurgia. Em casos selecionados, poderá também ser indicada a utilização de meias de compressão mecânica durante algum tempo.
A dinâmica do período pós-operatório é conduzida por uma comunicação muito estreita entre o paciente e a equipa multidisciplinar, que está sempre disponível para esclarecer dúvidas e avaliar o paciente com a maior brevidade possível, sempre que necessário.
Abordagem Integrada: A Chave para o Sucesso da Cirurgia Bariátrica
Os cirurgiões que tratam esta patologia rapidamente concluíram que é impossível realizar este tratamento sem um programa compreensivo e multidisciplinar, desenvolvido por um grupo dedicado a esta área. Este grupo deve ser capaz de avaliar os doentes, bem como prepará-los, tanto mental como fisicamente, para a cirurgia e para as alterações no estilo de vida que lhes serão solicitadas.
A equipa da Living Clinic inclui Cirurgia, Medicina Interna, Nutrição e Psicologia. Apenas após uma avaliação pré-operatória adequada e uma discussão multidisciplinar, tendo como base um estudo protocolar de exames complementares, é que se decide o programa a ser proposto ao doente. Esta abordagem individualizada, ponderada e integrada é a que garante os melhores resultados a médio e longo prazo para os doentes submetidos a cirurgia metabólica.
Após a cirurgia, é necessário um follow-up regular, mantendo a abordagem multidisciplinar, para garantir o sucesso de um programa dessa envergadura.
Cirurgia Bariátrica Antes e Depois
Qual o preço da Cirurgia Bariátrica?
A Living Clinic acredita que a cirurgia deve ser um acto integrado num programa de tratamento da obesidade. Assim, o orçamento que lhe será apresentado seguirá este pressuposto. Durante um período de 3 anos, será planeada uma avaliação integrada e multidisciplinar, com um seguimento cuidadoso e disponível. Esta será a receita para a maximização dos resultados a longo prazo da cirurgia, os quais lhe serão expostos na primeira consulta de Cirurgia.
O preço da consulta de cirurgia bariátrica é de 85€.
Perguntas Frequentes
Qual o peso mínimo para se poder realizar a cirurgia bariátrica?
A abordagem é individualizada. Caso considere que precisa de ajuda na área da obesidade ou da doença metabólica, recomenda-se uma avaliação e discussão presencial. Na maioria dos casos, de acordo com as normas internacionais, a cirurgia só está indicada para doentes com IMC superior a 35 ou com IMC superior a 30, desde que existam doenças associadas.
Porque fazer a cirurgia bariátrica?
O tratamento médico (não cirúrgico) para a obesidade clinicamente severa (mórbida) inclui diversas combinações de dietas de baixas calorias, modificação comportamental, exercício físico e agentes farmacológicos. No entanto, a principal limitação deste tipo de abordagem é a dificuldade em manter um peso corporal reduzido a longo prazo, sendo frequente a incapacidade de sustentar uma perda de 10% do peso inicial com este tipo de tratamento.
Devido aos riscos graves associados à obesidade neste grau, ao relativo baixo risco do tratamento cirúrgico e à ineficácia das intervenções médicas ou dietéticas, a cirurgia bariátrica tem-se consolidado como uma solução eficaz. Além de possibilitar uma perda de peso significativa e sustentada, contribui para a melhoria das doenças associadas. Adicionalmente, previne as oscilações de peso decorrentes de tratamentos conservadores ineficazes (efeito yo-yo), que podem agravar a condição metabólica do doente.
Como é que a cirurgia bariátrica ajuda a perder peso?
Em síntese, a cirurgia bariátrica ajuda a controlar o peso ao modificar o balanço energético de uma ou ambas as seguintes formas:
- Reduzindo a quantidade de alimentos ingeridos (restrição);
- Diminuindo a absorção de nutrientes, fazendo com que parte dos alimentos não sejam totalmente digeridos e sejam eliminados pelas fezes (menor absorção).
Para compreender melhor como a cirurgia contribui para a perda de peso, é essencial conhecer o funcionamento do aparelho digestivo.
Após a mastigação, os alimentos passam pelo esófago, um tubo muscular longo que os conduz ao estômago. O estômago, com capacidade para mais de 1500 mL de alimentos, mistura-os com ácido clorídrico e tritura o bolo alimentar. Em seguida, esse bolo alimentar é encaminhado para o intestino delgado (duodeno), onde se mistura com os sucos hepáticos e pancreáticos, dando continuidade ao processo digestivo. O intestino delgado, que mede entre 4,5 e 6 metros, é responsável pela absorção da maior parte dos nutrientes.
No duodeno, os alimentos misturam-se com a bile e os sucos pancreáticos, sendo esta a principal região de absorção de ferro, cálcio, magnésio e outros iões bivalentes. Já o íleo, a porção mais distal do intestino delgado, desempenha um papel importante na absorção de nutrientes, incluindo vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). À medida que os alimentos chegam ao cólon, sua consistência torna-se mais sólida devido à absorção de água.
O princípio fundamental da cirurgia da obesidade é alterar o equilíbrio entre ingestão, absorção e consumo de energia, que na obesidade favorece a acumulação de peso. Assim, a redução da ingestão alimentar, a menor absorção de nutrientes e a prática regular de exercício físico contribuem para a perda de peso.
Além desses mecanismos, há ainda um fator endócrino relevante: a chegada acelerada do alimento semi-digerido à porção distal do intestino delgado. Essa estimulação ativa um conjunto de hormonas gastrointestinais, fundamentais no mecanismo de ação da cirurgia metabólica, como GLP-1, GLP-2, GIP, PYY e FGF19, entre outras. O efeito incretínico dessas substâncias desempenha um papel crucial no controlo glicémico e, consequentemente, na regulação do peso do doente a longo prazo.
Quantos quilos se pode perder com a cirurgia bariátrica?
A perda de peso após a cirurgia não é a mesma para todos os doentes, variando de acordo com diversos fatores, como a idade, peso inicial, capacidade para praticar exercício, ingestão de doces, tipo de cirurgia realizada, entre outros. Em média, considera-se que uma cirurgia é bem-sucedida quando há uma perda de 20% do peso inicial (%Total Weight Loss). No entanto, os resultados são muito individualizados. Em consulta, será possível realizar uma previsão da perda de peso esperada a médio e longo prazo, assim como do controlo das comorbilidades.
Com que idade se pode realizar esta cirurgia?
Embora a faixa etária entre os 18 e os 60 anos não apresente restrições à cirurgia, estudos indicam que pacientes com menos de 18 ou mais de 60 anos podem, após uma avaliação cuidadosa, ser considerados candidatos ao procedimento. Assim, a idade, por si só, não é um fator impeditivo para a realização da cirurgia.
Quantos dias de repouso (baixa médica) são necessários após a cirurgia?
A cirurgia exige sempre alguns dias de pausa na atividade laboral. Dependendo do horário profissional de cada pessoa, pode ser necessário um período adicional para permitir uma adaptação adequada ao plano alimentar, que nas primeiras semanas requer reforços alimentares a cada duas horas.
Além da organização do horário, é essencial considerar a exigência física do trabalho. Durante um mês, é desaconselhado levantar pesos consideráveis ou realizar exercícios de ginásio focados nos músculos abdominais, a fim de prevenir o surgimento de hérnias incisionais.
Como resolver o problema da pele flácida após a cirurgia bariátrica?
A flacidez cutânea após a cirurgia nem sempre ocorre. A adesão a um plano nutricional adequado, com reforço da hidratação e prática regular de exercício físico, pode evitar a necessidade de cirurgias remodeladoras. No entanto, a longo prazo, após a estabilização do peso (cerca de um ano após a cirurgia bariátrica), alguns pacientes podem ser candidatos a procedimentos cirúrgicos ou estéticos, que devem ser avaliados e ponderados em consulta com o especialista.
Como será a dieta após a cirurgia bariátrica?
A prescrição nutricional deve ser conduzida por um profissional experiente em cirurgia bariátrica e metabólica, desde o período pré-operatório. Esta preparação é essencial para minimizar os riscos da cirurgia e otimizar os resultados a longo prazo. No período pós-operatório, independentemente do tipo de cirurgia realizada, os pacientes são geralmente instruídos a seguir uma dieta líquida com suplementação proteica e vitamínica (prescrita) durante duas a três semanas.
É possível voltar a engordar após a cirurgia?
A obesidade é uma doença crónica, multifatorial e recidivante. Como qualquer outro tipo de tratamento, a cirurgia também pode apresentar casos de insucesso. Desde logo, existe uma pequena percentagem de doentes que não perde o peso esperado após a cirurgia (não respondedores) e, a longo prazo, outra parcela que volta a ganhar peso. Esta recidiva ponderal ocorre em cerca de 15 a 20% dos casos, independentemente do tipo de cirurgia realizada. No entanto, considerando a natureza crónica da obesidade, é essencial compreender que, diante da estabilização ou do reganho ponderal, pode ser necessário recorrer a outras estratégias – como um plano de exercício mais adaptado, medicação, ajustes nutricionais ou até a conversão para outro procedimento cirúrgico – para alcançar os resultados desejados, seja na perda de peso ou no controlo das doenças associadas.
Do que depende o sucesso da cirurgia?
O sucesso da cirurgia bariátrica depende de diversos fatores, alguns modificáveis e outros não, e da participação ativa de todos os envolvidos no processo. Isso inclui a escolha da equipa que orienta o tratamento, o plano individual delineado, o procedimento cirúrgico escolhido e o acompanhamento contínuo. No entanto, em relação às questões individuais do doente, o sucesso está, em grande parte, na sua capacidade de adaptação e adesão às alterações comportamentais recomendadas para otimizar os resultados. Compreender cada passo do processo, desde a avaliação pré-operatória até as preocupações abordadas em cada consulta de seguimento, é essencial. A criação de uma relação de confiança, proximidade e diálogo entre doente e equipa médica é fundamental para alcançar os melhores resultados.
Como saber que técnica de cirurgia bariátrica faz sentido para mim?
Em conjunto com o cirurgião, será necessário avaliar os riscos e benefícios de cada tipo de procedimento. Além disso, um protocolo de exames pré-cirúrgicos e avaliações multidisciplinares são essenciais e podem determinar a escolha do procedimento mais adequado à doença e ao perfil psicológico do doente. Também consideramos muito importante que contacte outros doentes para ouvir as suas experiências durante este processo de tratamento cirúrgico da obesidade, permitindo-lhe tomar uma decisão mais informada e consciente.
Tenha sempre presente que a cirurgia, por si só, não cura a obesidade. Somente pacientes bem informados e dispostos a alterar o seu estilo de vida, aderindo a um programa de acompanhamento a longo prazo, têm maiores garantias de êxito nos tratamentos propostos. Lembre-se de que a obesidade é uma doença crónica, que não será curada, mas sim controlada, seja através da cirurgia ou de qualquer outro tratamento implementado.
Quais os riscos da cirurgia bariátrica?
Riscos do Sleeve Gástrico
No Sleeve Gástrico, existe a necessidade de desvascularizar grande parte da curvatura maior do estômago para proceder à secção gástrica. Essa manipulação, particularmente na área próxima ao baço, deve ser bastante minuciosa para evitar sangramentos. Embora todas as precauções sejam tomadas, existe um risco baixo, mas real, de hemorragia associado ao procedimento. Assim, torna-se essencial otimizar previamente todas as condições de saúde associadas, como, por exemplo, abandonar o tabagismo e suspender alguns fármacos atempadamente para diminuir o risco de complicações.
A secção do estômago é realizada por máquinas de corte e sutura mecânica que, em raríssimos casos, podem ter falhas. A construção da manga gástrica leva à formação de um tubo de alta pressão devido à área mais musculada do piloro gástrico, que se mantém funcionante no final do estômago. Esta hiperpressão, em determinadas condições clínicas, pode levar a uma complicação muito rara desta cirurgia: a fístula gástrica.
Esta condição pode, no limite, exigir novas cirurgias, mas, por vezes, é possível gerir de forma conservadora com tratamento apoiado em procedimentos endoscópicos e pausa alimentar. A sua ocorrência invariavelmente aumenta a necessidade de tempo de internamento e, em casos extremamente raros (praticamente inexistentes aos dias de hoje), coloca o paciente em risco de peritonite e, consequentemente, de choque séptico e morte. A evolução da técnica cirúrgica, aliada à crescente experiência nesta área e à adesão ao regime terapêutico e nutricional por parte dos doentes, evita, quase em 100% dos casos, as complicações mais graves.
Riscos do Bypass Gástrico
No Bypass Gástrico, a alteração hipoabsortiva que confere maior poder metabólico à cirurgia é atingida pela montagem em “Y”, previamente descrita. Esta alteração anatómica conduz sempre à criação de novos espaços entre o intestino que podem vir a criar complicações a curto ou longo prazo: as chamadas hérnias internas. O doente submetido a Bypass Gástrico terá esses espaços encerrados — pelo estado da arte — no final do procedimento, através de técnicas cirúrgicas de sutura, agrafagem ou cola tecidual. Contudo, em cirurgias realizadas há mais tempo ou em raros casos de acentuado emagrecimento, essas brechas podem permanecer abertas e levar a casos de oclusão intestinal. Estas situações são habitualmente urgências cirúrgicas que requerem uma cirurgia emergente para repor a anatomia e prevenir a isquemia intestinal.
A hipoabsorção do Bypass Gástrico pode levar o doente a ter um trânsito intestinal acelerado, habitualmente designado por “dumping”. Esta situação também é cada vez menos comum, dada a crescente atenção dos cirurgiões desta área em manter a ansa comum (área de maior absorção a partir do “pé do Y”) com um comprimento mínimo aceitável. Ainda assim, devido ao bypass inicial duodenal e à primeira porção do intestino delgado, poderá haver déficits importantes em alguns iões e até anemia, sobretudo se o doente deixar de cumprir o suplemento polivitamínico, que o deverá acompanhar por toda a vida.
Especialista em Cirurgia Bariátrica
O Dr. José Pedro Pinto é especialista em Cirurgia Geral, com Mestrado Integrado em Medicina pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. Após terminar o internato da especialidade, em 2019, trabalhou 3 anos na Unidade de Cirurgia da Cabeça e Pescoço e, desde 2021, pertence à Unidade de Tratamento Cirúrgico de Obesidade (UTCO) – ULS Braga – equipa que realiza entre 250 a 300 procedimentos de cirurgia bariátrica anualmente.
Acumula 10 anos de experiência cirúrgica com especial destaque na patologia Endócrina e Cervical (tiróide, paratiróide, suprarrenal, glândulas salivares, lesões congénitas do pescoço) e Cirurgia Metabólica e Bariátrica. Desde o internato, desenvolveu competências em cirurgia laparoscópica avançada, que continua a exercer de forma eletiva e em contexto de urgência.
Interessado na área do trauma, integra o Grupo de Trabalho da Via Verde de Trauma do Hospital de Braga desde 2023 e é formador sénior do International Trauma Life Support. Entre muitas formações realizadas na área, destaca-se o particular interesse no desenvolvimento da aplicação da Point of Care Ultrasonography, sendo actualmente formador e coordenador do curso avançado E-FAST da PocusX.
Autor e co-autor de múltiplas comunicações científicas, quer em revistas científicas, quer em congressos e reuniões científicas nacionais e internacionais, sendo de sublinhar o reconhecimento internacional obtido em 2022 com atribuição de uma distinção pela International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic.
É membro das seguintes sociedades científicas: Sociedade Portuguesa de Cirurgia, Sociedade Portuguesa de Cirurgia da Obesidade e Doenças Metabólicas, European Society of Endocrine Surgeons, International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic, International Association of Surgeons Gastroenterologists and Oncologists.
ONDE FAZER
Agende uma consulta de Cirurgia Bariátrica no Porto
Agende uma consulta de cirurgia bariátrica na Living Clinic, que se situa na Av. da Boavista 117 6º, Sala 607, 4050-115 Porto.
Esclareça todas as suas dúvidas com o Dr. José Pedro Pinto.


