A importância da Nutrição durante o período pré e pós cirurgia bariátrica

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A cirurgia bariátrica caracteriza-se por uma intervenção cirúrgica para tratamento da obesidade, na qual o sistema digestivo é alterado com o objetivo de diminuir a quantidade alimentar tolerada. Assim sendo, os indivíduos que optam por esta linha de tratamento diminuem consideravelmente a ingestão alimentar o que potencia um rápido emagrecimento. Esta é uma das razões que justifica o aumento significativo da procura por este método ao longo da última década.

Embora a cirurgia bariátrica seja o tratamento que demonstra maior sucesso na área do emagrecimento, é necessário respeitar várias etapas, nas quais o paciente vai necessitar da ajuda de uma equipa multidisciplinar.

Um dos intervenientes dessa equipa é o nutricionista, que tem um papel importante desde o momento pré-cirurgia até à alta. Num primeiro contacto, o nutricionista avalia os hábitos alimentares do paciente e esclarece todas as questões sobre quais os cuidados a ter no momento seguido à intervenção. É ainda de salientar que antes da cirurgia, após avaliação do cirurgião, pode ser necessária a implementação de um plano alimentar reduzido em calorias e hidratos de carbono de forma a promover uma diminuição do volume do fígado do paciente, favorecendo uma cirurgia menos invasiva e de menor duração.

Após a realização da intervenção é necessário iniciar um padrão alimentar líquido e com volume limite a cada refeição, durante as primeiras semanas. Estas diretrizes vão sendo alteradas ao longo de cada mês, sendo que posteriormente existe a passagem para uma consistência alimentar pastosa, seguida de mole e por fim sólida. Os volumes das refeições vão também ser alterados, sempre tendo em conta as indicações, assim como o bem-estar reportado pelo paciente. Assim sendo, a necessidade de acompanhamento chegado por parte do nutricionista é imperativo para garantir uma recuperação rápida e saudável.

Sendo que existe uma redução acentuada na ingestão alimentar, e que a cirurgia provoca uma alteração da morfologia do trato gastrointestinal, a absorção de macronutrientes e micronutrientes é comprometida, principalmente numa fase inicial. Um dos principais desafios é a inclusão da dose necessária de proteína no dia alimentar do paciente desde o momento pós-cirurgia até ao momento de alta. Estudos recentes demonstram que um número elevado de indivíduos que recorrem a este tipo de intervenção, não ingerem a quantidade necessária de proteína. Este é um fator que prejudica a manutenção de massa magra durante o processo de emagrecimento, não obstante, o correto aporte proteico promove a saciedade favorecendo o emagrecimento.

Em adição à quantidade de proteína, a ingestão de hidratos de carbono deve ser tida em conta. Estes são a principal fonte de energia para o corpo humano. Como tal, embora a ingestão alimentar diminua de forma acentuada, existe um aporte mínimo a ser garantido no dia a dia, de forma a preservar a função cerebral assim como a função muscular.

Em consulta, através da avaliação regular do estado nutricional, o nutricionista fornece um plano alimentar adaptado a cada momento, para que o paciente consiga atingir as suas necessidades nutritivas após a intervenção cirúrgica.

Relativamente aos micronutrientes, estudos afirmam que existe um aumento dos défices nutricionais à medida que o acompanhamento por parte dos profissionais de saúde vai diminuindo. O estado nutricional deve ser avaliado antes e depois da cirurgia, sendo que os principais nutrientes a ter em atenção são: vitamina B12, vitamina B1, ácido fólico, vitamina A, vitamina E, vitamina K, vitamina D, ferro, cálcio, cobre e zinco.

Em suma, a cirurgia bariátrica é uma opção válida no que toca ao emagrecimento, no entanto a mesma não elimina a necessidade de o paciente melhorar o seu estilo de vida. Embora a ingestão alimentar inicialmente seja inferior, a longo prazo a tolerância pode aumentar. Com ajuda do nutricionista, é necessário que o paciente implemente hábitos alimentares saudáveis assim como a prática de atividade
física regular, para que o sucesso da intervenção cirúrgica seja mantido a longo prazo.

Dra. Carolina Alves

 

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