Perturbações do Comportamento Alimentar

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O que são as perturbações de comportamento alimentar?

As perturbações do comportamento alimentar caracterizam-se por uma perturbação persistente na alimentação ou na ingestão que resulta na alteração do consumo ou na absorção dos alimentos provocando um défice significativo na saúde física ou no funcionamento psicossocial (APA, 2013).

 

Que tipo de perturbações do comportamento alimentar existem?

Estão incluídas a pica, o mericismo, a perturbação de ingestão alimentar evitante/restritiva, a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a perturbação de ingestão alimentar compulsiva (APA,2013).

Neste artigo iremos focar-nos na anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a perturbação de ingestão alimentar compulsiva.

 

Anorexia Nervosa

A anorexia nervosa é caracterizada essencialmente pela restrição persistente do consumo de energia, pelo medo intenso em ganhar peso ou engordar e pela perturbação da perceção do próprio peso ou forma corporal (APA, 2013).

Relativamente à idade de início desta perturbação, sabe-se que ocorre geralmente durante a adolescência ou no jovem adulto (APA, 2013).

Graus da Anorexia Nervosa

A anorexia nervosa apresenta 4 níveis de gravidade de acordo com o seu índice de massa corporal (IMC):

  • Ligeira (IMC ≥ 17 kg/m2);
  • Moderada (IMC = 16 – 16,99 kg/m2);
  • Grave (IMC = 15 – 15,99 kg/m2);
  • Extrema (IMC < 15 kg/m2) (APA, 2013).

Tipos de Anorexia Nervosa

Esta perturbação pode especificar-se em dois tipos: o tipo restritivo e o tipo ingestão compulsiva/purgativo.

Relativamente ao tipo restritivo, nos últimos três meses, o indivíduo não recorreu a episódios de ingestão alimentar compulsiva ou a comportamentos purgativos recorrentes (provocar o vómito, uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas). Apenas recorreu a dieta, jejum, e/ou exercício físico excessivo.

Quanto ao tipo ingestão compulsiva/purgativo, durante os últimos três meses, o indivíduo recorreu a episódios de ingestão alimentar compulsiva ou a comportamentos purgativos recorrentes (provocar o vómito ou mau uso de laxantes, diuréticos ou enemas) (APA, 2013).

Sintomas e Consequências da Anorexia Nervosa

A anorexia nervosa poderá estar associada a sintomatologia depressiva, ao isolamento social, à irritabilidade, à insónia, à diminuição do desejo sexual e a comportamentos obsessivos. Os indivíduos com esta perturbação podem demonstrar também uma preocupação em comer em público, sentir necessidade de controlar o ambiente em que vivem, ter um pensamento inflexível e restringirem a expressão emocional (APA, 2013).

Devido à restrição alimentar severa e crónica, o peso corporal desce regularmente para valores incompatíveis com a saúde. Um dos primeiros sintomas de desnutrição passa pelo cabelo fino, pele seca e aparecimento de cáries. O sistema cardiovascular é impactado, assim como o sistema endócrino e metabólico podendo surgir situações de hipoglicemia, hiponatremia, hipocalémia, alterações da função tiroideia e elevados valores de cortisol. São também verificadas alterações na motilidade intestinal (obstipação), atrofia das mucosas intestinais, alterações hepáticas e renais. Para além do mencionado anteriormente, é comum o desenvolvimento de anemia, leucopenia, trombocitopenia. Com o baixo peso é usual as alterações a nível do sistema reprodutor como a amenorreia.  

Por fim, são verificadas alterações a nível neurológico, sendo que parte podem ser corrigidas aquando da regulação do estado nutricional (Treasure. J, Duarte. T, Schmidt. U. (2020) Eating disorders. Lancet. 395:899-911).

 

Bulimia Nervosa

A bulimia nervosa caracteriza-se por episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva com comportamentos compensatórios recorrentes para evitar ganho de peso (indução de vómito, mau uso de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos; exercício físico excessivo) e auto-avaliação indevidamente influenciada pelo peso e forma corporal (APA, 2013).

Graus da Bulimia Nervosa

A Bulimia Nervosa apresenta 4 níveis de gravidade de acordo com a frequência dos comportamentos compensatórios inapropriados:

  • Ligeira (em média, 1 a 3 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana);
  • Moderada (em média, 4 a 7 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana);
  • Grave (em média, 8 a 13 episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana);
  • Extrema (14 ou mais episódios de comportamentos compensatórios inapropriados por semana)

Sintomas e Consequências da Bulimia Nervosa

Assim como a anorexia nervosa, a bulimia apresenta consequências físicas, mas usualmente de menor gravidade. Devido à recorrente indução do vómito é comum o aumento da corrosão dentária assim como o aparecimento de úlceras gástricas. A nível gastrointestinal existe ainda maior tendência para o desenvolvimento de pancreatite, obstipação e perfurações gástricas. É ainda de salientar que é comum a ocorrência de desequilíbrios eletrolíticos, diminuição da função renal complicações relacionadas com o sistema cardiovascular (Treasure. J, Duarte. T, Schmidt. U. (2020) Eating disorders. Lancet. 395:899-911).

 

Ingestão Alimentar Compulsiva

A ingestão alimentar compulsiva acontece normalmente em segredo e desenrola-se até a pessoa se sentir desconfortável. Ocorre geralmente durante ou após a realização de uma dieta de emagrecimento. Os indivíduos procuram ingerir os alimentos que tendem a evitar (APA, 2013).

A perturbação da ingestão alimentar compulsiva é caracterizada por episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva num curto período de tempo, sensação de perda de controlo sob o ato de comer durante o episódio, ingestão rápida, comer até se sentir desagradavelmente cheio; ingestão de grandes quantidades de comida apesar de não sentir fome, comer sozinho por se sentir envergonhado pela sua voracidade, sentir-se deprimido ou com grande culpabilidade depois da ingestão compulsiva (APA, 2013).

Esta perturbação tem início habitualmente no final da adolescência ou no início da idade adulta. No entanto, a vivência de vários acontecimentos de vida stressantes poderá antecipar o seu início (APA, 2013).

Graus da Ingestão Alimentar Compulsiva

A ingestão alimentar compulsiva apresenta 4 níveis de gravidade de acordo com a frequência dos episódios:

  • Ligeira (1 a 3 episódios de ingestão compulsiva por semana);
  • Moderada (4 a 7 episódios de ingestão compulsiva por semana); grave (8 a 13 episódios de ingestão compulsiva por semana);
  • Extrema (14 ou mais episódios de ingestão compulsiva por semana) (APA, 2013).

Causas da Ingestão Alimentar Compulsiva

Relativamente às causas que poderão estar na origem da ingestão alimentar compulsiva, podemos destacar: os sentimentos negativos associados ao peso corporal, à forma corporal e à comida, a afetividade negativa, os acontecimentos interpessoais stressantes e a restrição alimentar (APA, 2013).

 

Em todas as perturbações do comportamento alimentar as desregulações nutricionais podem acontecer devido aos padrões restritivos e/ou compensatórios, sendo as mesmas certas em casos de anorexia e/ou bulimia. 

Os défices vitamínicos e minerais mais recorrentes neste tipo de patologia são: cálcio, fósforo, ferro, vitamina A, vitamina B1, vitamina B9, vitamina B12, vitamina C e vitamina D (Diaz-Marsá. M, Alberdi-Páramo. I, Niell-Galmés. L. 2017. Nutritional supplements in eating disorders. Actaspsiquiatria. 26-36).

O papel do nutricionista é essencial para identificar quais os défices nutricionais presentes em cada caso e delinear uma estratégia alimentar, quando possível, ou suplementação adequada em cada momento. No entanto, existem atualmente estudos que aconselham, em adição à suplementação dos nutrientes em défice, o uso de ômega-3 e triptofano durante o período de recuperação com objetivo de auxiliar no bom funcionamento cerebral (Diaz-Marsá. M, Alberdi-Páramo. I, Niell-Galmés. L. 2017. Nutritional supplements in eating disorders. Actaspsiquiatria. 26-36).

É de salientar que durante as consultas de nutrição neste âmbito, o nutricionista respeita o ritmo do paciente acordando entre consultas pequenos objetivos a alcançar em termos alimentares para que o mesmo possa recuperar um estado nutricional adequado.

Relativamente ao tratamento das perturbações do comportamento alimentar, salienta-se a necessidade de ser realizado por uma equipa multidisciplinar que inclui o psicólogo, o nutricionista e o psiquiatra.

O psicólogo encontra-se disponível para auxiliar e clarificar a construção do pensamento, a identificação de possíveis gatilhos que originam os episódios de compulsão alimentar, na aquisição de ferramentas para a diminuição dos mesmos, entre outros. O acompanhamento psicológico permite o alargamento do autoconhecimento do indivíduo, dos seus comportamentos, emoções e ações. Os seus pressupostos assentam no bem-estar psicológico, na promoção da saúde mental, na diminuição do sofrimento e na melhoria da qualidade de vida.

 

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Responsáveis pelo tratamento

Dr.ª Carolina Alves
Dr.ª Carolina Alves

A Dr.ª Carolina Alves, nutricionista na Living Clinic, é licenciada em Ciências da Nutrição pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa.

Tem uma Pós-graduação em Nutrição Pediátrica pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa.

Possui certificações em Nutrição Ortomolecular e Psiconeuroimunologia pela EMAC, Nutrição Funcional pela Nutriscience. Atualmente presente na Mentoria da Dra. Daniela Seabra sobre Nutrição Funcional e na certificação de Coaching em Nutrição com a Dra. Joana Carvalho Costa.

Atua em várias áreas da nutrição, incluindo emagrecimento e saúde gastrointestinal.

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Dr.ª Madalena Iglésias
Dr.ª Madalena Iglésias

A Dr.ª Madalena Iglésias, psicóloga da Living Clinic com célula profissional 26237, tem Licenciatura e Mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde pela Universidade Católica Portuguesa.

No âmbito da sua área da atuação, já passou por entidades como o Hospital Nossa Senhora da Conceição de Valongo, o Centro Hospitalar São João, a Universidad San Pablo (CEU) em Madrid e a Clínica ORL Dr. Eurico de Almeida.

Tem como principal área de intervenção a Psicologia Clínica e da Saúde, que tem como objetivo a promoção, manutenção, prevenção, avaliação e tratamento de todas as formas de perturbação mental e física.

O seu instrumento principal é a relação terapêutica, que permite o autoconhecimento, a autonomia e o bem estar do indivíduo.

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